sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vem aí o 7º Festival da Música Vocacional 2011

A Arquidiocese de Mariana, junto ao Serviço de Animação Vocacional (SAV), promove o Festival da Música Vocacional premiando os artistas da música católica. Neste ano, o evento será realizado no dia 8 de outubro, em Barbacena – Região Mariana Sul.

A comissão organizadora dessa sétima edição pede o incentivo das paróquias para que possam inscrever seus grupos de música, corais e ministérios. As inscrições terão início na próxima segunda-feira, dia 6.

O Festival de Música Vocacional surgiu em 2004 com o desejo de ser um instrumento de evangelização da juventude e das comunidades, sobretudo, no que toca à Dimensão Vocacional. As cinco primeiras edições do evento foram realizadas em Viçosa (Região Mariana Leste), por iniciativa das equipes vocacionais das paróquias Santa Rita de Cássia, Nossa Senhora de Fátima, São Silvestre e São João Batista.

A partir da segunda edição (2005), o Festival foi assumido pela Arquidiocese de Mariana e a coordenação do SAV como um evento arquidiocesano. “Desde então, a cada ano, ele tem ganhado mais em visibilidade, qualidade, criatividade, e claro, na adesão de muitos grupos de música cristã, não só da Arquidiocese, mas também de dioceses vizinhas, além da parceria com as pastorais e movimentos afins”, diz um trecho da carta de divulgação.

Na sexta edição, o Festival deixou a cidade de Viçosa e foi para Mariana, para, segundo os organizadores, “dar um passo importante na concretização de um dos seus objetivos, ou seja, fazer com que este evento possa acontecer em outras cidades que compõem a Arquidiocese de Mariana”.

Seguindo seu propósito de se tornar um evento itinerante em comunhão com toda a Arquidiocese, na sua sétima edição, o Festival da Música Vocacional irá ocorrer em Barbacena.

Outras informações através do diácono Euder Monteiro pelo telefone (32) 3331-0766 / (31) 9853-1195, ou Ana Lúcia no telefone (32) 8875-1948.

www.arqmariana.com.br

Quando a religião é um perigo

Religião é algo bom, que faz bem. Pelo menos deveria ser. A palavra significa de “re+ligar”, e deve expressar o que une a humanidade à divindade, o que liga as pessoas entre si. Deve ser uma ponte, um elo, algo que manifeste e aprofunde a dimensão espiritual do ser humano.

Ao ser perguntado sobre qual seria a melhor religião, Dalai Lama respondeu: “É aquela que faz a pessoa melhor”. E parece óbvio. É o que se espera.

Porém, nem sempre é o que se vê. Se é verdade que, em nome da religião, muita gente cresce, se torna feliz, faz o bem, promove a vida, se doa, constrói… também é verdade que, em nome dela, há muitos que odeiam, fazem guerra, excluem, maltratam e matam. Ouvimos falar sempre das chamadas “guerras santas”. Em nome de Deus, muito sangue já foi derramado; muitas vidas, dizimadas. Mesmo na religião cristã e na Igreja Católica.

Após a tragédia de Realengo, no Rio de Janeiro, quando um jovem tomou a decisão de matar dezenas de crianças e, depois, tirar a própria vida, todos queriam saber que razões alguém teria para fazer isso. Pelo que o próprio jovem deixou escrito e gravado, deu para perceber que havia muita mágoa e revolta por coisas passadas, e também uma motivação religiosa. Ele cita várias vezes o nome de Deus, fala da pureza, do desejo de ser perdoado e ser salvo por Jesus.

O psicanalista Contardo Calligaris fez uma análise desta e de outras atitudes semelhantes, mostrando o grande perigo do fanatismo religioso. Vale a pena registrar parte da sua reflexão. Escreve ele: “Você é isolado? Sente-se excluído da festa mundana? Pois bem, conosco você terá uma igreja (real ou espiritual) que lhe dará abrigo; ajudaremos você a esquecer o desejo de participar de festas das quais você foi e seria excluído, pois lhe mostraremos que esse não é o seu desejo, mas apenas a pérfida tentação do mundo. Você acha que foi rechaçado? Nada disso; ao contrário, você resistiu à sedução diabólica. Você acha que seu desejo volta e insiste? Nada disso; é o demônio que continua trabalhando para sujar sua pureza.

Em vez de sofrer com a frustração de meus desejos, oponho-me a eles como se fossem tentações externas. As meninas me dão um frio na barriga? Nenhum problema; preciso apenas evitar sua sedução – quem sabe, silenciá-las. Fanático (e sempre perigoso) é aquele que, para reprimir suas dúvidas e seus próprios desejos impuros sai caçando os impuros e os infiéis mundo afora”.

E termina falando dos riscos que esconde um aparente consolo oferecido pelo fanatismo moral e religioso: “na carta sinistra de Wellington, eu leio isto: minha fé me autorizou a matar meninas (e a me matar) para evitar a frustrante infâmia de pensamentos e atos impuros”.

Pode haver exageros nessas palavras; pode ser que muitos não concordem. Mas é preciso ter muito cuidado com a falsa religiosidade. Não só pelos crimes que se cometeram e se cometem em nome da fé. Não só pela intolerância de quem se julga dono da verdade, se fecha ao diálogo, se nega a reconhecer o valor de cada pessoa e de cada expressão religiosa, exclui e maltrata. Mas também por pequenos gestos, aparentemente inofensivos, que prejudicam a vida e a convivência. Atitudes que afastam em vez de unir; que destroem em vez de construir; que não são de Deus.

Já vi muitos lares desfeitos e casais que se machucam por causa da religião. Gente que se esquece do próprio compromisso familiar, de esposo(a) e companheiro(a), de pai e mãe, de filho(a) ou irmã(o) para se entregar à “religião”. Vi muitos pais e mães que fizeram seus filhos criarem antipatia da Igreja por forçá-los a práticas religiosas chatas, enfadonhas, desencarnadas e nada atraentes para as crianças ou para a juventude. Sei que muita gente se afasta ou não se aproxima da Igreja, porque o Deus que pregamos e manifestamos não é fonte de vida e alegria, de perdão e misericórdia; não é o Deus de Jesus Cristo. Muitas vezes nossa religião não se revela como instrumento de realização e caminho de verdadeira felicidade.

Só posso dizer que minha religião é verdadeira quando ela me faz melhor e me faz ser melhor com os outros. Quando me faz bem e me leva a fazer o bem. Quando me impulsiona à prática da compaixão, ao senso de justiça, à construção da paz. Religião verdadeira jamais passa pelo fanatismo, que é sempre doentio, mas por um amor equilibrado e sadio.

Padre José Antônio de Oliveira.